A ciência diz que 50% da felicidade depende da herança genética e outros 10% são fruto das circunstâncias, escreve Hugo Menino Aguiar, presidente da Associação Fazer Avançar (AFA). Restam 40% que podemos influenciar. Muito? Pouco? Para os voluntários da AFA, é o suficiente. Eles dizem conhecer os segredos da boa disposição e estão determinados a partilhar todos os truques do livro.
Esta quarta-feira, 22 de Maio, Dia do Município de Leiria, a
Fazer Avançar pintou a manta com a segunda edição do Dia da Felicidade. Se um bando de desconhecidos te ofereceu abraços no meio da rua, eram eles. Abraços, sorrisos, gargalhadas, vale tudo. Para um incorrigível rezingão, como este que vos escreve, esta psicologia positiva importada com
delay dos Estados Unidos custa a engolir. Mas a verdade é que a AFA envolveu 70 voluntários no Happiness Day, distribuiu mais de 4500 abraços, mantém activo o Clube da Felicidade e não pára de ganhar adeptos em Leiria. É porque resulta? “É possível induzir felicidade e um dos nossos objectivos são os
workshops para ensinar técnicas que aumentam os níveis de felicidade”, garante Raul Testa, vice-presidente da AFA.
John Lennon dizia que a vida é o que nos acontece enquanto estamos ocupados a fazer outros planos. Traduzido para filosofia new age dos tempos modernos: vive no presente. Na Fazer Avançar, ninguém quer dar o tempo por perdido. Enquanto uns andavam pelo centro histórico, Feira de Maio e Avenida Heróis de Angola a distribuir abraços, Raul Testa assumia o papel de pivô brutal – ou seja, o motivador com megafone que grita “és lindo” para qualquer estranho que lhe passa diante dos olhos. Convenhamos, isto é pelo menos raro.
Smiles e corações nos semáforos de Leiria? O Happiness Day em 2012. Este ano a acção ficou na gaveta, mas outras iniciativas surgiram para compensar. Por exemplo, o concurso de gargalhadas. Em média, uma gargalhada atinge os 120 decibéis, mas neste concurso algumas passaram dos 140. Há gente alegre em Leiria. A guerra de almofadas na Praça Rodrigues Lobo, as montras felizes, as pinturas faciais, a smile dance, as smile cookies e a mascote Big Smile preencheram o programa. Até o Castelo de Leiria sorriu, e foi o primeiro monumento nacional a fazê-lo. À noite, o jardim de Santo Agostinho serviu de cenário a uma largada de 50 lanternas chinesas.
Há uns anos, Miguel Esteves Cardoso escrevia que “os portugueses adoram ter angústias, inseguranças, dúvidas existenciais dilacerantes”. Em Portugal, se alguém se mostra feliz, é logo suspeito de tudo e mais alguma coisa. É normal andar muito em baixo, mas há gato se alguém andar nem que seja só um bocadinho em cima. “Pensam logo que é em cima de alguém”, concluía MEC, acrescentando: “A felicidade não pode ser partilhada, não pode ser explicada, não tem propriamente razão.” Os voluntários da AFA acreditam que pode. E no próximo ano vão voltar, em mais um Dia da Felicidade. Para eles, rir é mesmo o melhor remédio.
Texto de Cláudio Garcia
Fotos de Ricardo Graça
(Publicado em 23 Maio 2013)
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