O índice preparado anualmente pelo Social Watch mede o fosso existente entre mulheres e homens em três diferentes dimensões: (i) na educação, (ii) no empoderamento político e (iii) na participação económica. Este índice estabelece uma média das desigualdades nestas três dimensões entre mulheres e homens. Na educação, examina o fosso de género existente no número de matrículas no sistema de ensino em todos os níveis. Na dimensão da participação económica estima a proporção do fosso entre homens e mulheres no que diz respeito ao nível salarial e emprego; Na dimensão do empoderamento é medido o tamanho do fosso entre mulheres e homens na detenção de cargos altamente qualificados, de assentos parlamentares e de posições executivas de topo.
O Social Watch mede o fosso entre mulheres e homens, mas não mede o seu bem-estar. Assim, um país em que os jovens do sexo masculino e do sexo feminino têm acesso em termos de igualdade ao ensino superior, recebe um valor de 100 neste indicador em particular. Do mesmo modo, um país em que ambos rapazes e raparigas são, em termos de igualdade, impedidos de concluir a educação primária, também recebe a classificação de 100. Isto não significa que a qualidade da educação em ambos os casos é a mesma. Apenas estabelece que, em ambos os casos, as raparigas não têm menos acesso à educação que os rapazes.
Portugal, com um total de 77 pontos (na média aferida das três dimensões) encontra-se entre os países com a classificação de “Baixo” (LOW GEI), apesar de se encontrar acima da média europeia que é de 73 pontos. Contudo, Portugal está bem longe do desempenho de países como a Noruega (com 89 pontos), a Finlândia (com 88) e a Islândia (com 87 pontos). Encontra-se também abaixo de países como a Suécia, a Dinamarca, a Nova Zelândia, a Espanha, a Mongólia, todos acima dos 80 pontos, o que os coloca no nível “Médio” (MEDIUM GEI).
João José Fernandes, Director Executivo da Oikos – Cooperação e Desenvolvimento, afirmou que “este Índice (GEI), demonstra que a igualdade de género não está necessariamente dependente da riqueza do país. Portugal, é mais rico do que o Ruanda e mais pobre do que a França, mas tem o mesmo grau de igualdade de género. Nas últimas décadas, o nosso país fez um progresso assinalável na escolarização e educação das mulheres. O desafio é agora o de desenvolver esforços para que um progresso semelhante seja alcançado na dimensão política e económica. Uma sociedade em crise – social, política e económica – precisa do apoio de todas e todos os seus cidadãos.”
Os cinco níveis de classificação do índice são: Critico (CRITICAL), Muito baixo (VERY LOW), Baixo (LOW), Médio (MEDIUM) e Aceitável (ACCEPTABLE). Note-se que nenhum país no mundo atingiu 90 pontos ou mais na média final, significando que nenhum país atingiu um nível aceitável.
A única dimensão em que Portugal atinge um valor aceitável é a dimensão da educação (99 pontos). Na dimensão da participação económica e na do empoderamento, o desempenho do país é menos louvável: 78 e 55 pontos (Baixo e Muito baixo) respectivamente.
Os três países europeus com maior fosso de género são Malta (63), Albânia (55) e Turquia (45).
De 168 países avaliados pelo GEI de 2012, os cinco que se encontram na pior situação global são a República Democrática do Congo (29), Niger (26), Chade (25), Iémen (24) e o Afeganistão (15).
Os membros da Social Watch estão espalhados por todas as regiões do mundo. A rede luta pela erradicação da pobreza e das suas causas, pela eliminação de todas as formas de discriminação e racismo, luta para assegurar a distribuição equitativa da riqueza e pela realização dos Direitos Humanos.
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Fonte: Oikos