vivia na praia, mesmo junto ao mar. sonhava todos os dias em viajar nas ondas, empurrada pelo vento e aquecida pelo sol.
a seu lado passavam os caranguejos apressados, esgravatando na areia e fugindo para o mar.
estava ali tão perto mas não lhe conseguia tocar.
a pedrinha azul queria ter braços como o caranguejo, para se poder deslocar na areia quente. ou então pernas, para correr à beira mar, salpicando o céu de espuma.
... um dia perguntou à gaivota se a podia levar. A gaivota alertou preocupada: se eu te largar no mar, vais ao fundo e não consegues ver as ondas.
A pedrinha azul não desistiu do seu sonho.
um dia perguntou ao caranguejo se a podia arrastar. O caranguejo alertou, preocupado: se eu te arrastar, vou acabar por te enterrar na areia e já não consegues ver as ondas.
A pedrinha azul ficou triste, mas não quis desistir do seu sonho.
E então, um dia encheu-se de coragem e perguntou mesmo ao mar se a podia vir buscar.
o mar, sempre brincalhão, alertou: se eu te for buscar já não podes mais voltar. as minhas ondas são fortes e barulhentas, vão enrolar-te e misturar-te com a areia. E depois, já não consegues ver as minhas ondas.
Sem mais ideias, a pedrinha azul descansou na areia quente, olhando pensativa para o céu. Nesse momento, foi coberta por uma nuvem de sombra e sentiu-se voar. Era um menino que lhe tinha pegado e agora a revirava entre os dedos.
A pedrinha azul, pequenina e assustada, olhava o menino, com medo de ser largada. Foi enrolada num fio e presa com voltas e nós apertados. Envolta nessa rede de fios, foi depois colocada junto a pequeninas conchas e outras pedrinhas, apertadas numa pulseira no braço do menino.
Sem saber o que pensar, a pedrinha azul, perguntou aos seus novos companheiros o que faziam todos ali. Contentes e a cantar, falaram das aventuras, das corridas, dos saltos e mergulhos, da praia, das ondas e do mar.
Afinal era assim, sem mesmo pensar, que a pedrinha azul ia conseguir ir ao mar. Presa naquela pulseira de conchas e pedrinhas, viu-se de repente a saltar. Pela areia, pela praia, pelo mar. Sentiu as ondas ali perto e mergulhou na água cristalinha uma e outra vez e outra e outras sem conta.
A pedrinha azul viu o seu sonho acontecer pela mão de um menino que queria brincar.
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